Em um mundo de escolhas financeiras cada vez mais complexas, compreender a influência da escassez e dos vieses mentais é essencial para construir segurança e prosperidade.
Este artigo explora conceitos, exemplos práticos e estratégias baseadas na economia comportamental para transformar sua relação com o dinheiro.
O que é economia comportamental e finanças comportamentais
A economia comportamental é o ramo da ciência econômica que estuda como fatores psicológicos, sociais e emocionais influenciam as decisões financeiras.
Desenvolvida por Daniel Kahneman e Amos Tversky, e ampliada por Richard Thaler, ela desafia a ideia de racionalidade plena nas decisões de consumo e revela a complexidade do comportamento humano.
No âmbito das finanças pessoais, esse campo busca explicar por que, mesmo sabendo da importância de poupar, muitas pessoas acumulam dívidas e resistem a mudanças.
Principais vieses que afetam as finanças pessoais
Vieses mentais são atalhos cognitivos que, em geral, ajudam na tomada de decisões rápidas, mas podem distorcer escolhas financeiras:
- Aversão à perda
- Efeito de ancoragem
- Preferência pelo status quo
- Excesso de confiança
- Heurísticas e impulsividade
- Efeito manada
- Procrastinação e falta de autocontrole
Por exemplo, a aversão à perda gera resistência a perdas, fazendo com que muitas pessoas evitem investir mesmo quando é uma decisão racional.
O efeito de ancoragem impõe referências irrelevantes, como se basear no preço de compra de uma ação para decidir vendê-la, em vez de considerar o cenário atual.
O impacto da escassez na tomada de decisões
A escassez não se limita a recursos financeiros escassos. Ela pode ser percebida como falta de tempo, de informação ou de oportunidades.
Quando sentimos que algo é limitado, nosso cérebro entra em modo de urgência, aumentando as emoções e diminuindo nossa capacidade de raciocínio de longo prazo.
Estudos mostram que a sensação de falta de dinheiro intensifica o foco no curto prazo, gerando escolhas impulsivas e, muitas vezes, levando a ciclos de endividamento.
Exemplo numérico: preferência pelo presente
Experimentos com o valor do dinheiro no tempo revelam comportamentos curiosos:
Mesmo sabendo que ganhar R$ 110 em um mês é financeiramente vantajoso, muitas pessoas escolhem R$ 100 imediatamente, ilustração clara do viés do presente.
Casos e evidências práticas no Brasil
Uma pesquisa da PUCPR com 197 entrevistados revelou que grande parte desconhece seu perfil de investidor ou age como iniciante sem orientação.
Em 2023, o endividamento das famílias brasileiras atingiu 78,5%, reflexo de hábitos impulsivos e da propensão ao consumo impulsivo causada pela escassez percebida.
Outro dado aponta que mais de 70% das pessoas não possuem reserva de emergência suficiente, mesmo cientes de sua importância.
Como usar a escassez a seu favor
Para transformar vieses em aliados, é fundamental reconhecer padrões e criar barreiras que inibam decisões impulsivas:
- Reconhecer padrões emocionais e vieses mentais
- Estabelecer metas financeiras claras e mensuráveis
- Praticar o “delay buying” e adiar compras por 24 horas
- Utilizar automação para transferências regulares
- Diversificar investimentos para controlar riscos
- Investir em educação financeira contínua
- Aplicar “nudges” positivos em aplicativos e orçamentos
A automação reduz o esforço mental e ajuda a manter a disciplina sem depender da força de vontade diária.
Já o “delay buying” promove reflexão, evitando compras impulsivas e contribuindo para escolhas mais conscientes.
Recomendações práticas para o dia a dia
- Crie um orçamento detalhado e reveja-o mensalmente
- Separe uma reserva de emergência automática todo mês
- Use aplicativos que gamifiquem o hábito de poupar
- Compare preços com uma lista fixa antes de comprar
- Estabeleça recompensas não financeiras por metas cumpridas
Conclusão
Compreender o papel da escassez e dos vieses comportamentais é o primeiro passo para recuperar o controle das suas finanças.
Ao aplicar estratégias baseadas na ciência comportamental e cultivar hábitos conscientes, você poderá transformar desafios em oportunidades e construir uma trajetória financeira mais segura e satisfatória.
Referências
- https://fia.com.br/blog/financas-comportamentais/
- https://blog.bb.com.br/o-que-e-economia-comportamental-e-como-isso-afeta-as-suas-escolhas/
- https://www.periodicosibepes.org.br/index.php/recadm/article/view/48
- https://online.pucrs.br/blog/financas-comportamentais
- https://pt.wikipedia.org/wiki/Economia_comportamental
- https://neon.com.br/aprenda/financas-pessoais/economia-comportamental/
- https://educash.commons.gc.cuny.edu/2023/09/24/economia-comportamental-na-educacao-financeira/
- https://www.economiacomportamental.com.br
- https://www.bportugal.pt/publicacao/newsletter-biblioteca-ano-xvii-2
- http://www.scielo.org.co/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0121-68052021000200225
- https://www.planejar.org.br/como-a-economia-comportamental-explica-erros-comuns-de-quem-comeca-a-investir
- http://www.economiacomportamental.org/o-que-e/
- https://www.sejabtg.com/blog/economia-comportamental-qual-a-relacao-com-a-atuacao-da-assessoria-de-investimentos
- https://podcasts.apple.com/us/podcast/o-que-a-economia-comportamental-pode-fazer-pelas/id942491627?i=1000729253937
- https://www.ey.com/pt_br/insights/strategy/behavioral-economics-in-financial-services
- https://www.gov.br/investidor/pt-br/penso-logo-invisto/financas-comportamentais-investimentos-asg







